VALOR AO QUE NOS FALTA

Engraçado pensar como damos valor aquelas coisas que não possuímos...Qualquer gesto,qualquer afeto é conciderado...os valores se tornam então simplificados.Reparo sempre que,por exemplo,a falta de dinheiro faz com que o valorizemos,a falta de amizade,faz com que esta se torne tremendamente importante.Ter tudo não deve ser de todo ruim,mas fico pensando se ter tudo não faz com que os valores sejam modificados e até mesmo colocados de cabeça para baixo,invertidos e as coisas mais simples,mais básicas sejam deixadas para trás ou pior,esquecidas.De fato essa busca pelo progresso e a manutenção de um sistema em que quem tem mais pode mais,possui mais direitos,tem nos afastados da simplicidade,do mais básico em favor da desigualdade...enfim,não digo nada que seja novo ou inédito,todo mundo está cançado de saber e repetir que de fato é isso mesmo que acontece;porque cargas d'água então nada muda.Se todos sabem disto porque não fazem nada?porque sequer questionam a validade e a qualidade de um sistema que vê os seus passando fome,as vezes(e não tão raras assim)sem o mínimo de dignidade,onde a forma de se cuidar de seus doentes engloba em si pouco caso,falta de estrutura,hospitais novos e aparelhos virando sucata sem uso;a educação anda em ritmo de involução,tudo compartimentado,como se não houvesse interligação da língua portuguesa ou da filosofia com a matemática por exemplo;com isso,as pessoas começam a não enxergar que esta interligação(que anda sendo ensinada como se não existisse)está na própria vida,é isto que torna em primeiro lugar a vida possível,se tudo não tivesse conexão,não necessitaríamos da natureza da forma vital como necessitamos,somos dependentes dela,assim como dependentes uns dos outros.Creio e não acho estar de todo errada,que ao nos esquecermos dessa verdade,a de que somos interligados a tudo,inclusive e as vezes principalmente uns aos outros,nos esqueçamos da irmandade, que somos da raça à qual pertencemos:a raça humana...dentro de todas as maravilhosas diferenças,a incrível diversidade,pertencemos todos a uma só raça,somos ao mesmo tempo(aí também se encontra a maravilha)iguais e diferentes em nossas personalidades...os nomes mudam,os países mudam,mas somos todos seres humanos no fim das contas.E,como consequência,perdendo esta noção de irmandade,começamos um processo de abandono em relação a nós mesmos,julgando-nos mutuamente,perdendo a capacidade de ouvir,de observar e com isso a capacidade de constatar,além de experimentos científicos,conceitos psicológicos,behaviorismo,etc... observar com cautela se o caminho seguido é de fato o melhor para nossa raça,se apenas serve a poucos,se os valores não andam perversos e egoístas,se o dinheiro vale mais que vidas,que amizades,que amores verdadeiros.Claro que não serei hipócrita,não estou fazendo apologia à pobreza...o questionamento é: é apenas isso que importa?quem está,se é que algum dia alguém já esteve,preocupado com o que se passa dentro de cada ser?o que pode ter levado uma pessoa a tomar certa atitude,etc.É mais fácil,de fato,avaliar um semelhante sem conhecê-lo profundamente;deixamo-nos levar por aparências,poses e tornamo-nos fúteis,rasos.O poder de avaliação perde seu real parâmetro,que é medir como é alguém e se nos deixarmos levar apenas por aparências,deixaremos vários semelhantes distantes e ao manter alguém a distância,jamais as suposições a respeito de como ele é na realidade poderão ser ou não constatadas e o julgamento em muitos e muitos casos é feito com base em poucas provas,provas superficiais e (em outros muitos casos)falsas,a não ser que se aproxime para verificar de perto e não apenas se confie no conceito ou préconceito de outros.Avisos,conselhos tem seu valor e não é pequeno,porém se aproximar,conviver,conhecer,observar as pessoas ao redor,pode fornecer maiores dados e com isso verifica-se a veracidade ou falsidade da informação recebida previamente.Com isso retornamos aos laços que,como disse lá em cima são valorizados de forma mais precisa  quando nos faltam e o contexto social nada mais é que interligação entre os semelhantes e a busca por tudo aquilo que nos falta como uma só raça.